Melhor que dizer é fazer; melhor que prometer é realizar.
Há momentos nesse espaço que me sinto um professor a ditar regras. Quanta arrogância! É muito fácil escrever ou falar: faça isso e será milionário! No entanto, creio que os leitores esperam encontrar aqui e em outros espaços da FHOX algumas indicações sobre o que fazer e ver quais as tendências predominantes no mercado fotográfico brasileiro.
Assumindo esse papel, quero discutir o futuro do varejo, que para muita gente boa não existe. Como é que é? Sim, se eu me baseasse naquilo que ouço certamente teria desistido do tema, pois não há o que falar sobre algo que não existe, no caso o futuro.
Efetivamente o papel do varejo em todos os segmentos vem sendo muito discutido. Qual é o modelo? Lojas que tem no preço de marcas conhecidas sua principal arma, tal e qual o Wal*Mart? Ou lojas que vendem produtos com apelo de consumo, sem necessidade de praticar preços baixos? Ou procurar outro caminho juntando bons produtos com bons preços? Esses dilemas foram publicados recentemente pela Forbes.com
E com a velocidade da Internet como nosso varejo pode ser afetado? Vocês leram que o Ponto Frio foi adquirido pelo Pão de Açúcar. Há alguns anos atrás, o Ponto Frio foi oferecido as Lojas Americanas, pertencente ao grupo que comprou a Brahma e depois a Antarctica. Jorge Paulo Lehman e amigos não quiseram. Eles acreditam que a Internet vai tomar o mercado de eletrônicos e eletrodomésticos. Será? Nos EUA, segundo a Forbes, a Internet responde por apenas 4% dos produtos adquiridos. Mas tem uma enorme influência na decisão de compra do consumidor, pois 15% dos americanos fazem pesquisa de preço e vão comprar na loja mais barata. No Brasil, de certo modo, e considerando um universo menor, isso também vem acontecendo. Você mesmo quando vai vender uma câmera digital já ouviu consumidor dizendo que viu mais barato em algum site. E agora temos a ferramenta do Twitter que torna a comunicação mais veloz ainda. Há empresas já trabalhando com isso, como O Boticário.
Luiz Alberto Marinho é especialista em marketing e colunista da Band News FM. Dia desses, Marinho relatou aos ouvintes uma pesquisa feita pela JWT sobre o grau de ansiedade de alguns povos, o Brasil dentre eles. O campeão do nervosismo é o Japão, onde 90% se declaram ansiosos pela crise econômica. No Brasil isso não acontece. O brasileiro acredita que a crise passa. Mas os brasileiros se declaram ansiosos (66%) por temas que ele sente não há solução imediata, como segurança pública, corrupção e impunidade. De tudo isso, nesse clima de apreensão geral, o que o varejo pode fazer?
Descontração. Isso é o que deve predominar no ambiente das lojas. Passar um tom de otimismo não faz mal a ninguém. Bom humor é fundamental. Olha, quantas lojas você é atendido com cara fechada? Marinho também afirma que certo grau de nacionalismo não faz mal. O Brasil está na moda. Use isso, por exemplo, na decoração, com fotos de paisagens tupiniquins. E outro ingrediente a ser acrescentado que mexe com nosso negócio: nostalgia. Como era bom os velhos tempos. E foto tem tudo a ver com isso. E dê a sensação ao consumidor que ele está no controle do jogo. Hoje, nos sentimos mais controlados do que nunca. O Estado está em toda a parte. Já já, vem lei determinando o número de relações sexuais que um casal deve ter por mês.
Você percebeu que nossas lojas de fotografia podem facilmente se adaptar a esse tipo de loja do varejo. Criar um ambiente onde a experiência da compra de produtos e serviços seja a mais agradável possível não é, sem dúvida alguma, uma tarefa complicada. E o melhor, isso tira do foco o preço, ainda a principal arma de nosso varejo. E volte ao título (expressão usada por Perón, ex-presidente argentino).
Edmundo Salgado
FHOX edição 128
Junho de 2009.