Participei ativamente de feiras, diretoria das associações de classe, fui articulista de revista. E um dos temas mais debatidos era como aumentar o consumo de fotografia no Brasil. Havia uma discussão se o brasileiro não tirava foto por questões culturais ou financeiras.
Era lembrado que a primeira foto que o cidadão tirava era a 3x4 da Identidade. Ou de seu velório. Em algumas regiões era comum a foto da família alinhada ao caixão para se ter uma lembrança do falecido.
Eu sempre enfatizei a questão financeira como inibidora do crescimento do mercado. Sempre mencionei os seguintes dados: em 1994 o consumo anual de filmes fotográficos era de 26 milhões de tolos. Em 1997, três anos após o real já passava dos 80 milhões. Bastou melhorar a renda das pessoas, que nosso mercado floresceu. E era o tempo que as pessoas precisavam tirar foto, usando o filme, para registro de suas memórias. Não havia alternativa. E muitos lojistas "obrigavam" o pobre do consumidor a pagar por todas as fotos, inclusive as ruins (tipo do pé, do teto).
Veio o digital. O consumidor começou a escolher que foto ele queria impressa. Aí veio, em 2007, o verdadeiro divisor de águas: o smartphone.
E some-se a emergência das redes sociais, especialmente o Facebook. Consequência disso é a popularização do compartilhamento.
A impressão deixou de ser uma preocupação. As pessoas simplesmente não precisam das fotos impressas.
Aí, entra o maior desafio dos atuais gestores das empresas de fotografia: criar necessidade nos consumidores.
Na minha opinião, não adianta fazer um escarcéu, colocando o terror no consumidor (suas fotos vão sumir, seu celular pode ser roubado, etc). Se a gente não criar produtos que encantem o consumidor, ele não vai imprimir. Assim, crie produtos bem feitos, com design legal e acabamento exemplar.
Há empresas já trabalhando nisso. Espelhe-se no mercado de alto luxo: para quê um relógio, uma caneta, uma bolsa caríssima? Eles criaram a necessidade nas pessoas terem esses objetos para se destacarem.
Tem muita lenha para queimar. Não desista.
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