Mulheres, futuro e daí?
Quando você é confrontado com perguntas sobre o futuro e você não tem certeza do que falar ao seu interlocutor é bom lembrar-se dos políticos mais “experientes” dizendo que o futuro a Deus pertence.
Nos últimos meses tenho me usado desse expediente. Há uma evidente preocupação dos participantes do mercado, especialmente os varejistas sobre o que vem por aí. A FHOX deu uma excelente contribuição com a última edição.
Ouço muita gente preocupada com qual sistema de impressão vai ser o predominante nos anos próximos. Essa discussão é acalentada pela indústria, pois todo mundo tem a melhor solução. Para o consumidor essa discussão é absolutamente irrelevante. O que vale é o produto, não como ele foi feito. De novo, podemos ter as melhores máquinas em nossas lojas e não sabermos o que fazer com elas.
Recentemente estive na Argentina por ocasião de uma feira de fotografia. Fui numa boa época, na semana em que nossa seleção bateu a de Maradona por 3x1. E além da admiração pelo nosso futebol, os argentinos estão vendo o Brasil bem dirigido e com uma economia cada vez mais forte. E eles lamentam muito as trapalhadas dos últimos governos. Bom, e na fotografia? Não vi diferenças substanciais, a não ser no mercado escolar. Nossa “formatura” é imbatível. E o varejo diminuindo, como aqui. Há o mesmo sentimento que um lojista não pode apenas viver da fotografia, tem que encontrar outro negócio para compartilhar despesas. O problema é achar esse tal negócio. Participei de uma palestra onde foi dito tudo aquilo que o lojista precisa fazer para sair do marasmo. E o dado que mais me chamou a atenção: 75% das vendas no varejo são feitas a pessoas que moram até 6 quadras da loja. E continuo achando que nosso varejo pouco conhece o seu cliente próximo.
E todos sabem que a maioria da clientela é formada pelas mulheres. Os últimos dados da Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios – PNAD do IBGE mostram um número de famílias cada vez maior chefiadas por mulheres. Sua renda cresce, a despeito da desigualdade salarial com os homens. E há menos filhos. O núcleo familiar diminuiu de tamanho, não chegando, na média, a 3 por domicílio. Teremos famílias menores, mas muito mais domicílios, ou mais consumidores. Todas essas casas vão necessitar de serviços, um deles certamente, fotográficos. As crianças serão mais mimadas, pois, em geral, serão filhos únicos. E muito mais fotografadas. Na Europa, 7 em 10 consumidores de photobooks são mulheres com crianças. Aniversários é o primeiro motivo para se fazer photobook. Será que conhecemos essa mulher de hoje?
Sobre os novos produtos, não tenho dúvida no sucesso do photobook. As soluções mais rápidas para a montagem dos álbuns são apreciadas e fazem crescer a venda. Todas as pesquisas a que tenho acesso mostram claramente que o consumidor que fez um photobook vai fazer outro novamente. Já em relação ao fotoprodutos, ou photo gifts, tenho notado certo desalento do lojista. Sim, é difícil, precisa ser testado e o lojista tem que conhecer mais seu cliente. Há uma sensação que dá muito trabalho para pouco retorno. Mas, a loja não pode privar o acesso de sua freguesia a esses produtos. Creio nessa linha. E acho que podemos dar um upgrade na qualidade dos produtos. Tem alguns que são lamentáveis. Como escrevi no artigo anterior, não é só precinho.
Em relação ao futuro, trabalhe com uma certeza: você estará lá. Ainda que não queira. Pensando bem, com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no Brasil dá para desistir do futuro?
Edmundo Salgado
FHOX 131
Outubro de 2009.
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